terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Minha regularidade é a loucura



Felicidade. É uma palavrinha grande e nojenta. Cobiçadíssima! Daí a facilidade com que escorrega feito dinheiro em rua com brisa.

Flor estava ali, perdendo-se em pensamentos que não a levariam a nada, a não ser... Claro! Pensando como ser feliz, ela estava perdendo tempo presente, a hora de ser feliz.

“Minha loucura é a regularidade”, pensou. A minha regularidade, o meu padrão. Achar alguém que aceitasse sua loucura. Leu acima de si mesma, numa ideia lampejada, fatal. Queria florir-se e ser amada por desvairar-se. Em plena terça-feira de um carnaval vazio, eis que o tarot virtual lhe apresentava a carta que sempre sempre a assoprava. "As pessoas falam porque estão viciadas em certezas e seguranças", apregoava. Sim. O desconhecido, que era um encanto, sussurrou ao ouvido. Sentiu sob uns pés empoeirados de casa, um abismo, no qual quis pular, afundar, sem ter ar, flutuar. "Ponha sua vida em movimento", ordenava a leitura da carta. Que carta! Uma mensagem limpa, clara e louca. A alegria era a vigília da loucura. Abriu o bloquinho onde escrevia momentos, ali, perto da máquina interligada. Pontuou.

Cor - laranja
Encanto - ele...

E parou ali. Por que tinha um coração assim pregador? Por quê? Pensou em ligar. Pensou em pensar. Descansou. Foi deitar e teve ele de encanto. Satisfeita, voltou para a rede. Aquela rede com milhares, e sem nenhum. “Ser feliz até onde der”, leu numa imagem boba, que logo desceu céu abaixo. Então era até acolá. Amanhã acordaria mais louca, teve certeza. Só restava esperar.


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Feminismo também é florir-se



Distorcer. É o que mais se faz com o Feminismo e suas propostas. Uma matéria diz:

"No entanto, 70% das mulheres mais jovens disseram que se sentem pressionadas com tudo o que é exigido delas, como “ser uma amante incrível, uma deusa do lar, subir na carreira e parecer uma supermodelo”. A maioria das 1.300 entrevistas sentem que o verdadeiro feminismo deveria assegurar “chances reais de escolher sua família, carreira e vida”, além de reafirmar o valor da maternidade".

As pessoas não conhecem o que é o Movimento Feminista, nem suas bandeiras de luta. O feminismo não condena a beleza, nem a maternidade, nem a "carreira", muito menos a vida das mulheres. Ao contrário, o feminismo quer vida. E, vida livre. Livre de machismo, de homofobia, de opressão de classe. Está tudo atrelado. Quando conheci e comecei a ler um pouquinho, entendi que o que se pretende sendo feminista é valorizar a liberdade. Porque da mulher? Porque dela foi tirada essa liberdade por tanto tempo, em tantas coisas. E ainda falta. Porque a liberdade é vestida. E despi-la é pecado. Chamá-la-iam de vagabunda, vadia, piriguete, quenga véia, rapariga.

A crítica que faço à alguns movimentos é a mesma que concerne à sua origem. Ele está fechado em grupos vanguardistas. Vanguardas não são ruins. E se tratando de luta contra as opressões, são necessárias. A educação, que é privilégio de poucos, deixa discursos rebuscados, contextos distantes, verdades intocáveis. Contanto que os debates não vislumbrem de longe as realidades, a luta deve sempre seguir. No dia, nas frases, nas redes, nos olhares.

É preciso também libertar o feminismo. Deixar que se multiplique e que se entenda o que se quer. O fim de uma opressão. O fim das opressões. Consigo ver os argumentos mais próximos das mulheres, mas falta tanto. E, pois, o Movimento Feminista, entendido da forma simplista – em todas as diferentes correntes que lutam de alguma forma pela supressão da opressão – é mais do que necessário.

Feminismo também é opinião. E convencimento. Violência é concreta, amor não mata, o machismo sim. Mata, entristece, destrói dias, mentes, conquistas. Dar luz ao que está errado é papel das feministas. Seja na conversa com x amigx, seja na discussão com x chefe. Feminismo é florir-se. Encher corações. Nossas bandeiras não são só de pano-de-prato. Estejamos sempre grávidxs de ideias emancipadoras. Porque não é só mulher quem pari. E muito menos é só ela quem balança Mateus. É preciso de braços pro balanço, pro movimento. Muitxs, de todxs, múltiplxs.