Que princesa você quer ser? A mais leve, graciosa, bela, sutil... Nops. “Não quero acabar com minha vida. Quero a liberdade!”. Esta é Merida. Uma anti-princesa. Sim, porque a graça é valentia que voa em cabelos ruivos, caracóis. Cavalga e domina a flecha melhor do que qualquer príncipe. Brenda Chapman e Mark Andrews, diretores do longa Valente, dão a animação o tom de aventura, mas se firmarmos os olhos no enredo, o papel da mulher é questionado. Merida é questionamento.
“Lembra-te de sorrir!”, assevera a mãe de Merida. Imposta
pelo eterno feminino, a delicada felicidade por meio do sorriso deve servir a
todas nós, mulheres, para expressarmos nossa beleza e simpatia. Misses, please!
A questão é: que valores nos são passados e estamos passando para
meninas/jovens/mulheres sobre o ser mulher.
Valente é um belo exemplo de “exceção”. E as aspas cabem
somente ao cinema, já que mulheres valentes, livres, emancipadas, transbordam
aos montes pelas calçadas e caminhos deste Brasilzão. “Merida, você é uma
princesa e deve agir como tal”. Nascer, crescer, casar, ter filhos... Bom,
Merida aprendeu com as flechas a ver além.
O casamento. Ora! É a certeza da vida de toda mulher, né,
não? Merida o nega, veementemente. “É para isso que tu tens se preparado a vida
toda!”. E nós? Também somos? Com nossas bonecas, fogões de plástico, mamadeiras
e casinhas – isso, se nossos pais tem acesso ao consumo (isso, se temos
pais)... Ah, o feminino. A identidade de gênero,
Tão velha a Idade Média e tão presente em cotidianos
femininos de opressão naturalizada. Porque não podemos achar – com facilidade -
companheiros que não cultivem práticas machistas, como reprimir, controlar,
dizer o que temos ou que não temos que fazer. “Que nós sejamos livres para seguir
nossa própria história, seguindo nossos corações e encontrando o amor no nosso
próprio tempo.” Merida se faz senhora do seu destino, do alto do alazão,
escolhe reverter o que fora escrito pra ela. E deixa a dica... “Nosso destino
vive dentro de nós”. Libertemo-lo...
:::Valente [Brave]
Gênero: animação, comédia
Duração: 1h40min
Ano: 2012
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