terça-feira, 23 de abril de 2013

[Amor em Tempos de Redes Sociais] Capítulo 8 - Missiva de quem quis liberdade




É uma sensação de impotência tão grande, tão cheia. Você perde aquela vida. Perde aquela vida inteira. Flor imaginava até onde iria aquilo. Até o momento em que a vida pedisse coragem o bastante para pedir demissão do amor. Sair dali. Daquele lugar comum, onde os corações estavam frios, nem mesmo batiam um pelo outro. Eram só músculos cumprindo o seu papel.

Lembrou de Leminski. “Isso de a gente querer ser exatamente o que a gente é, ainda vai nos levar além”. Tão frágil essa vida de dois. Que se acaba quando você menos acorda e vê que não é sonho e quer voltar pro sonho. Quando seu olho quer brilhar e sua pele não mais arrepia. Aquele sorriso vira tédio, aquela fadiga vira regra. E o tesão acaba. Decidiram consumar as diferenças e seguir seus caminhos incertos, mas o desapego não os encontrou e as mensagens choviam, os dedos tremiam, as chamadas apitavam, o coração desconcertava-se. Ela pôs fim.  Papel. Poderia escrever uma carta, mas os tempos e o amor eram outros. Abriu o e-mail.

Você me amou - se é que amou - pelo que eu era, pelo meu jeito, pela minha forma de pensar, pelas minhas atitudes, pelo que fiz por você, pelo meu carinho. Por tudo isso você me amou. Então porque quis me mudar? Realmente, me moldando ao seu ideali, você não me amaria. E iria acontecer o que sempre aconteceu. Você iria cansar... Cansar e buscar outra, pra depois voltar pra mim, porque eu era a sua segurança. Você nunca foi meu. E nunca iria ser. Sua alma é livre, mas sua mente exige prender quem vive ao seu lado. Porque o modelo que você tem, é o modelo que você segue. Você crê que as pessoas sejam como você, que ajam como você. Mas não! As pessoas são diferentes. Eu sou diferente. Eu também sou livre. E você quis me podar, me reprimir, me oprimir, me modelar... Quem ama, ama pelo que x outrx é. E foi por isso que você me amou. Se você busca modelos perfeitos, sinto lhe decepcionar, mas nunca vai achar. Eles não existem. O que existe é o amor. E você encontrou. E jogou fora. Desrespeitou, mentiu, traiu.

Deveria ter vergonha por causar tanto sofrimento a tanta gente. E gente que te perdoou e te aceitou/te amou, mesmo assim. Mesmo depois de tudo. E o que você fez? Rejeitou... Não aceitou por coisas que sequer são defeitos, são só jeito - que você não aceita, por simples dificuldade de entender/aceitar as diferenças....

Espero que seja feliz. Espero também que sua mente se abra, e seu coração entenda. Eu te amo, como nunca amei antes, mas, entenda bem, eu nunca vou aceitar não ser livre. Desculpe. Espero que encontre a felicidade, depois de entender que a liberdade é necessária. Não existe amor, se te sufocam. Ele murcha, ele morre...

E chorou, enxugou, enviou... Desfecho. Iria aguardar a resposta. Se viesse. :T

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