segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Por flores, mudanças e representações

Gelo quente. Não vapor. Não lhe agradava. Já que já perdera o show d’uma velha popstar, senhora veneno, pedra, drogas, outra geração. O quarto estava tão calmo que a pertubava. Podia escutar aquilo que perdera. Esquecera de carregar o tocador. Ainda lembrava de suas raízes. Afinal, era uma Flor. Seu vermelho estava embaçado. Queria um vermelho tarantiano, quiçá almodóvaniano. Buscou o vestido amarelo. Por pura ideologia. Estava ensinando com seus olhares, suas mudanças. Lembrou de tudo que faltava, ou daquilo que poderia lhe fazer falta. Chave do carro, identidade, juízo, batom, blush, seus valores morais, bolsinha com corrente. Completo. Tudo o que necessitava para se prender. Se olhou rápida e longamente no espelho. Possível efeito do Martini. Pisou forte a sandália escartalate. Teceu lábios ardentes, tentou avolumar o decote e arrematou com o entrelaçado de pétalas. Os cachos gritaram ao serem atrelados pela fivela sob a qual figurava a papoula de plástico, adornado pelo arremedo de cristal swarovski Pobre criança. Ainda tinha necessidade de representações.

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