Arriscou-se por meios virtuais:
- ¬ ¬
Ele, incógnita, desmedido:
- e tu já tá por aqui?
E porque era ainda cedo para ela já estar no trabalho. Então ele conhecia seus horários. Boba, não continha seus excessos, coquetismos desnecessários:
- e tu que ficou ocupado no exato momento em que eu entrei
psico
Doce, sempre inocente ele era assim:
- foi mal, nem percebi, só na defensiva né?
Dava vontade de sussurrar no ouvido dela um mantra de auto-controle, enfiou:
- ahã Cláudia, claro, desisti do ataque
bandeira perdida beibe
eh bandeira aceita
E como se esperasse algo de um fio, coisa verde, esperança em uma palavra, ironia que fosse, desiludiu-se com o:
- sinto
E aquele sinto rasgou-lhe. Era frio, embora não sentisse que fosse verdadeiro, mas era. Numa convulsão idiota soltou:
- kkkkkk
E desviou:
- ei
posso te entrevistar?
Ele, curioso:
- pra quê?
Ela explicou e largou as perguntas, que não revelo aqui, pois são demasiado técnicas, reveladoras. E no meio de uma delas, ele soltou um site como resposta. Ela perguntava. Era jornalista e precisava de declarações, discurso direto, etc... O link mandado foi o suficiente para irritá-la:
- não quero site
o meu negócio eh com vc
Depois de um errinho digitatório:
- hum
manda então
Ela continuou com o profissionalismo, fingindo-o de fonte. Não consegue manter por muito tempo, Dá uma olhada no site e humilha:
- kkkkkkkk
vcs fazem o site do ceará
#morri
Ele apenas diz:
- my lord!
Mais uma vez, ela repete-se não só naquela convulsão de letras...:
- kkkkkkkkkkkkkkk
Ele:
- vamos lá, pensemos
fizemos
Ela poderia ter ficado calada e sucumbido ao conformismo. Mas não seria ela:
- quer uma massagem pra pensar melhor?
Tudo bem. Momento ameba má que dá foras em moças apaixonadas:
- sabe alguma virtual?
Ela fica lá, olhando a janelinha e parece esquecer de tudo vendo as ações dele e se entrega, contando que está vendo:
- escreve... para... pensa... repensa... escreve... enter
legal
amanhã eu te dou
mas não me atrapalhe
Pouco mais de um minuto e meio, ela continua:
- vamos responda logo
kkkkkkkkkkkk
Nem um só comentário. O eu dela fraquejava diante das atitudes. Realmente não a queria. Não estava acostumada com isso. Talvez isso a impulsionasse. Birras. Ele responde:
- bom, eu acreditava que... blá blá blé...
Ela:
- hum...
Ele continua:
- nem cogitava trabalhar ... blá blá blé...
quê mais
?
A entrevista prossegue, com um ou outro “anjinho”... E ele vai pro lado:
- ei, o professor gostou do meu texto
hehe
Ela, querendo ignorar:
- parabéns
2 estrelinhas do PT pra vc
Mas não se contém:
- brincando amore
Ele vem com:
- :D
Ela imagina o de verdade, lindo, bom, queria ter um só pra ela:
- me manda preu ler
Ela fica feliz com o que se segue. Ele parece achá-la meio tirana, num misto de respeito e receio:
- \o/
eu não, senão tu vai acabar com ele
Espanta-se:
- valha
teh parece
pra gatinho eu dou um desconto...
Ela fecha, tem trabalho a fazer. Prioriza. Ele não é tão importante. Ainda.
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