quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Capítulo 4 - Feito

Até porque tinha caprichos saciados, buscou efemeridades de esquecer. Esbarrou em concórdias decididas, caminhos partidos, medalhas afrouxadas. E a operadora que dizia na TV ligar emoções, só estava a criar-lhe aflições aturdidas, com chamadas caídas. E o bipe que ensurdecia pela não-comunicação, assustou-a. Releu textos e resolveu metafalar numa continuação do que acabou acontecendo. Era o previsto por um coração ansioso. Feito. Verdades escorregaram por rostos roçados. Estradas corriam pra ver carinhos através do embaço de um vidro. O mato aplaudia, piegas.

Pensava agora no sentir, nas diminuições, nas reaveriguações. Inocências trocadas em semi-beijos estanques. Poderia jurar-lhe em linhas febris tudo que sentiu por horas-segundos, mas foi ali naquele colo terno que encontrou o paraíso. E o sol, que brechou pela cortina, depois de sair de uma nuvem densa, subiu, e lá do alto a viu adormecer.

Aquela sensação clichê e sublime pesou em sono. Feito sonho, recortou aquela felicidade mascando um sorriso meia-lua, aspirante, energia. O braço dele pesava perfeito como a justiça divina. Cedeu ao convite de aquecer seu coração com o dele. Podia morrer ali de tanto conforto e por um amor que não sabia se tinha. Mas não imaginava o que vinha pela frente. Distâncias milimetradas pesariam nos dias seguintes. Tentou afastá-las, porém a operadora teimava em atrasar conversas, ferver sentimentos, gerir destinos. Ela se achava fatalista. Talvez fosse. Talvez não. Foi escrever.

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