sábado, 2 de julho de 2011

Me dá um pincel preu pintar o mundo...


Já fui de preto no branco. Já cai dum mundinho cor-de-rosa. Já descobri que o tudo azul só é feliz em letra de música. Ando que me encarno de vermelho, posto que antes amei anis, púrpuras, turquesas. Hoje caibo bem bem no rubro, seja nos lábios, seja no drama, seja na luta. Ando me atando aos roxos pós-prazer. Brigo com brancos extratores e os afasto para amar o perfeito negro. Me atraem certos amarelos de flores, sandálias, partidos. Mas é na vastidão de um belo colorido que eu alegro meus olhinhos e os torno mais gentis.


Ora, se as cores, como a gente que sofre, quando estão sós, são mais amargas, monótonas. Juntas, entorpecem, preenchem os olhos e trazem à tona instantes, reflexos. Revolucionam vistas e mentes. Chamam. Não há olhar, que triste, não careça de linhas ou formas distintas em cor. Emaranhados de tons e matizes são a pureza do ser. É como se as coisas fossem mais vivas, quando têm cores, e não cor.


Ode a emancipação sortida de nuances, que pintam brilhos monocromáticos em retinas industriais. Mais gente encarnando bombons nas ruas seria felicidade. Fitilhos levados ao vento, jardins especiais de diversidade. Policromia faz bem a saúde. Pelo menos, não deixa a vida tão chata. Ou há sorriso que se segure diante da magia de um misturado de cores? Se assim fosse, os palhaços andariam em monocolor.


Já fui de preto no branco, hoje não mais. Espalho a policromia, porém confesso que tenho quedas abismais pelo encarnado. Faz gosto.

Nenhum comentário: