quarta-feira, 13 de julho de 2011

Tenho tristezas alegres...


“Caminhos não há, mas os pés na grama os inventarão...”. A grama debaixo do meu solado é tão verde que me deixa anêmica de refletir. Gramas verdes combinam com flores mal criadas. Porque tenho tanta aversão à luz, que me faz medo só de pensar num jantar-fotossíntese. Enquanto não sei por que flores eu vou, enfeito vestidos e cabelos com elas.


Tenho tristezas alegres, valsas militantes, limpezas pesadas. Só dedico armários inteiros à traças por que comem elas o que a pouco me vestiu. Pedaço de mim que não preciso, roupa. Adoro as orquídeas por sua falsidade. Podia até pisar nelas por isso. Mas orquídeas são flores de vaso. Pés longe alcançam vasos. E jamais pisaria beleza.


Cabisbaixas, parecem esperar um amor perfeito, um mal me quer, um copo de leite. Ficam balançando com bocas cansadas, meio sedentas. São caras sem olhos. Um dia desses, vi orquídeas com olhos. Mal senti meu coração. Foi quando olhos bateram asas e voaram pela noite fria. Nunca vi olhos voando. Perdi aqueles olhos de vista e lá ficou a orquídea me dando língua. Outras coisas combinam com flores mal criadas.

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