Sim, sim. Falar da minha mãe, não é fácil. E nem vou postar foto dela, porque ela não gosta. Tipo, eu começo a
escrever, ai vem logo aquele chororô. Num sei por quê cargas d’água [correm no
rosto]. Costumam chamar emoção. É que a minha é tão boa e faz tanto e tanto e
tanto por mim, que eu fico me sentindo bem como sem retribuir. Não digo boa –
oh! aquela candura de pessoa, dotada de toda a bondade do mundo. Não, claro que
não, vale ressaltar. Afinal, ela é humana, como todo mundo. Deixemos as
idealizações para lá.
Houve até um tempo em que eu pensei que ela não gostasse
mais de mim, logo quando meu irmão nasceu. Contudo, o tempo mostrou que ela se
resigna e me ama muito. Mas, porra! Me diz porque tem que ser assim? Ela
deveria deixar a gente sofrer mais, não ser tão forte e apoiadora, não fazer
tanto as nossas vontades, não nos dar tanto, dizer mais nãos... Sim, somos
ingratxs. Deve ser culpa também do patriarcado, que molda até esse amor demais.
Mermã/o... Eu num digo é nada.
Desculpem o desabafo. Detesto essas coisas de diári(nh)o. Os
meus não duravam mais do que dez folhas. Tava precisando. Me ventilou. Aí, vem
essa época de um dia, solamente um dia, com aquele clichê de que deveriam ser
todos os dias. E não passa de clichê. Jáque no “todos os dias”, quede lembrar. E
não escuta mais, porque ela sempre, sempre tem razão. Então só me lembro da
música do Caetano, Coração Materno. Sempre lágrima. Foda. [Tá, tô mais brega
que o normal. :P]
♪ ♪
♪
Chega à choupana o campônio
Encontra a mãezinha ajoelhada a rezar
Rasga-lhe o peito o demônio
Tombando a velhinha aos pés do altar
Tira do peito sagrando da velha mãezinha
O pobre coração e volta a correr proclamando
Vitória, vitória tem minha paixão
Mais em meio da estrada caiu
E na queda uma perna partiu
E a distância saltou-lhe da mão
Sobre a terra o pobre coração
Nesse instante uma voz ecoou
Magoou-se pobre filho meu
Vem buscar-me filho, aqui estou
Vem buscar-me que ainda sou teu!
♪ ♪
♪
Nenhum comentário:
Postar um comentário