As pétalas agarravam compulsivamente seu ao redor. Seu corpo
era frio e torneado. Belíssimo. Por gerações guardou odores intocáveis,
sublimes. Recomposto, pertencera a mulheres comuns, mundanas, serenas. Fez-se
vidro num fogo ardente, moldaram-no cheio de graça. Foi que assim que nasceu,
recobriram seu corpo em choque, finíssimo, chiquérrimo, com pinceladas
tocantes, emocionais. Reproduziram nele a arte de um homem que amava. E fora
vermelho, até que perceberam que estava forte. E fora azul, até que perceberam
que estava calmo. E fora branco, até que perceberam que estava nada. E fora de
várias cores, e flores, e poesias. E não mais perceberam, seduziram-se. E assim
ficou.
Morou naquele bordel encantado. Viu camas tremerem, mil
homens passarem, mas era ele, somente ele que escutava pensamentos, que via
olhos brilharem, escorrerem, que soprava felicidade ou conforto. Ficava
enfeite, bibelô, contudo, era mais, bem mais. Era o orgulho lindeza de cada mão
por que passou. Viu violências, amores, latência, viu trovões e chuviscar. Respeitou
cada decote daquele, pela inteireza de caráter que viu no múltiplo querer /não
querer estar ali. Respeitou cada choro depois das visitas. Respeitou toda luz
que se apagou. Respeitou a verdade que só ele via e cresceu.
Se pudesse, imitaria a gente, derramando-se. Porém já
suspirava quando lhe borrifavam. E naquela
hora, em que o tempo se fazia menino/momento, e dava tanta graça aos olhos
fechados que recebiam o aroma, ele era felicidade. Vidro de perfume. Em meia
idade, foi parar numa casa de família, sentia-se triste pela melancolia alheia,
mais empertigada que a que vira por anos, sobre aquelas penteadeiras femininas.
Quis quebrar-se naquela monotonia. Até que um gato, bem-vindo, peludo, fez sua
vontade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário