segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Seus pontos...


Era uma vez... É você quem escreve. Essa instituição inventada não te limita. Só se você deixar. Ela se equipara ao determinismo disfuncional, onde o certo pode ser apenas aquilo que muda em poucos instantes. Laços são formados por compartilhar dos mesmos tempos, espaços, valores. Imposições, participações, construções, descobertas, fatos. É do conhecer de todos, que a essência das flores está no cuidado com sua planta. Exato. Ela podia estar ali no banco, largada, feito papel que voa voa e pára em canto sem ar. Tristonho. Lá estava ela. Parada, olhar fixo no ponto que por ai chamam pensamento. Vazia. Se sentiu. A melancolia não lhe deixou ganhar postura, feito rosa ereta que espera o vento bater. Não, não. Tinha os braços recaídos mole e geometricamente sobre os joelhos. Vez em quando mexia um ou outro. Por hábito, ansiedade ou apenas querendo evitar convites as câimbras gordas, sacais. Perseguia o ponto que se dobrava, desdobrava, multiplicar-se-ia a cada nova suposição, situação hipotética. Às vezes desejava não ter terrenos mentais tão férteis.


Sentiu algo. Era parecido com a câimbra que buscou evitar. Era nada. Era apenas uma vidinha, dessas que a gente destrói só por andar. A mordidinha era forte, afinal o pequeno ser carregava pesos exorbitantes para si e para o coletivo. Flor sentia-se como a formiguinha. Só que sem a mesma força. Diminuta – era mais fraca que a formiga – foi produzir subjetividade. Saiu pela rua que se abria, emancipada, cores latentes, poucas pernas, catou aqui, acolá. Já tinha o bastante. Pedras e flores. Podia começar outro caminho. Correu pra cozinha de casa. Antes, precisava se alimentar.

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