segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ah... as relações humanas!


Calmarias perturbadoras assombram dias felizes. Laços de fita baratos enfeitam saias de moças feias, sensatas, perdidas. Lugares comuns traspassam a segurança que os eus não decidem querer. Latências se fazem dormências. Choques se batem em paredes. Excessos são dedos de Deus, passarinhos voando pelas árvores de um paraíso que vive em dois nervos preservados e cobertos por uma flor de crochê. Em terceira camada, diria. Uma lua cheia no céu preenche olhos vazios, cansados. Bibelôs parecem poucos e insatisfazem. Juntar, montar, desistir. Universos paralelos parecem não ser tão distantes. Pois que laços são efemeridades.

Laços são tempo em nó pouco cego. Sempre desgastáveis por ações externas. Desfazem-se com vento, tem medo de tempestades. Esbarrões desmancham laços de vida pouco cuidados. Fazem o pano do laço afinar-se, desvair-se, dissolver-se... Laços dão beleza. São construídos por mãos que pretendem prender felicidade. Laços são obsessivos. Laços são as formas mais belas de encarceramento. Negam a liberdade inerente nas células unidas ali por um nada. Laços parecem felizes, porém nada mais são do que correntes maquiadas. Mas há quem goste de correntes. E há quem goste de correntes que aparentam.


Continuamos vestindo as coisas de coisas bonitinhas. O que é fofo fora e feio dentro. Como um bombom com recheio azedo. No fim o azedo é estranhamento e necessidade de repetição. O feio de dentro se torna costume e o fofo de fora encapa a rotina. Roupas. Para isso que a usamos. Nudez seria banalizar o sagrado, o feio, o carnal, a verdade, a origem. Vestimos, para despir melhor. Cobrimos para evitar despir. Apenas nas horas certas.


E os dias frios pedem roupas mais sólidas, menos fluidas. E os dias cinzas pedem roupas e sorrisos coloridos. E os dias pedem. E os laços são atados em dias que pedem. São desgastados com roupas mais sólidas. São apertados por sorrisos coloridos. Alguém devia despir os laços. Alguém podia rasgar as correntes. Vou ali, atar fitas soltas, livres, coloridas, esvoaçantes.

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