sexta-feira, 22 de abril de 2011

Minha gestalt alterada por costumes bethanianos


Fico pensando se amor é só um mesmo. Bomba boom que destrói mundo e só deixa o pó do encantamento. Fico pensando se a gente sempre acha que cada vez é a certa, e que não vai mais passar. E se essa passa, ficamos achando que virá outra, mais intensa, mais obviamente profunda. Ou pior. A vez passada se incrusta nas carnes da alma, e ai xuxu, não há nova vez que remova. Percebi de soslaio, que a vez se entrelaça mesmo ás veias do peito, quando a dor serve de linha. Aí o negócio é duro. A cicatriz tatua verões e invernos.

Alivia-se com tentativas, novas vezes pausadas, alegrias passageiras. Tudo regado a festinhas vazias e choros posteriores.
Fico com medo de minha vez ter passado, mesmo agora tendo em vista novas possibilidades de tentar vez. Vez é uma forma de ver. Ter vontade de escrever sobre. Rezar felicidade pra ele, ainda que você não tenha religião. Engolir orgulhos, a cada vez que lembra que ainda vive em função daqueles dias. Costumes bethânianos. Estourar-se de raiva de saber que é a lembrança dele que te embala o sono todas as noites. Desistir e voltar a desistir. Passar tempos sem ver pra cristalizar a dor.

E quando avista, entorna sobre si interpretações que te façam fotossíntese até a próxima vez que ele lhe regue com o olhar.
Então é chegada a hora de esquecer tudo e aceitar o que se tem. Pelo menos até... Enfim, é melhor suprimir. Fico com minha amiga Beauvoir, que me diz que “é tão fatigante detestar-se alguém que se ama!”. Fato.

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